sábado, 1 de janeiro de 2011

FINAL DE ANO PROPICIA PENSAMENTOS E EMOÇÕES CONFLITANTES

Passadas as festas natalinas e de passagem de ano, troca de presentes, mensagens de afeto e fraternidade, um clima de agitação e ansiedade que pairava nas ruas da cidade, trânsito conturbado, pessoas impacientes, agora já é possível observar que o ritmo começa a mudar e todos se preparam para o novo ano. Apesar da mídia divulgar comerciais com imagens de famílias e amigos reunidos, todos sorridentes e felizes em torno do Natal e Ano Novo, o sentimento relatado por algumas pessoas é de uma profunda sensação de insatisfação e tristeza, o que geralmente vem acompanhado de auto-avaliações e pensamentos negativos, desencadeando muitas vezes conflitos no ambiente familiar ou profissional.

E vem o início de um outro ano e a “volta à realidade”. Muitos começam a fazer uma reflexão sobre suas vidas e percebem que os mesmos velhos problemas persistem e que suas metas para o ano que passou não foram alcançadas. E surgem então alguns sintomas difíceis de compreender: insônia, cansaço, mau humor, dores de cabeça, tristeza, angústia e, em alguns casos, até crises de pânico em pleno período de festas.

Para lidar melhor com tudo isso, necessitamos refletir sobre o que pode estar ocorrendo nesse momento. Com toda a certeza, final de ano não significa necessariamente momento de comemoração para todos, pois nessa época as pessoas costumam parar para avaliar o ano que passou, fazer “um balanço” de suas vidas e, muitas vezes, mesmo não sofrendo de um transtorno depressivo, podem se entristecer, ficar alheias ao clima de festa e apresentar “sentimentos e idéias de desesperança”.

Nesse sentido, podemos dizer que um dos prováveis desencadeadores do surgimento de tristeza é a contradição que o indivíduo experimenta entre a euforia externa e o sentimento interno. Enquanto os meios de comunicação mostram comemorações alegres, um clima de amor, confiança e respeito, a realidade pode ser muito diferente. Muitas pessoas não têm a possibilidade de uma comemoração familiar ou estão com problemas de relacionamento familiar, enfrentando casos de doenças, desemprego, talvez com dificuldades financeiras; algumas podem inclusive estar sofrendo pela ausência ou perda de um ente querido. Essas e outras situações propiciam o surgimento de pensamentos negativos e distorcidos sobre si mesmos, os outros e o mundo a sua volta, o que comumente ocorre de uma forma distorcida, ou melhor dizendo, com uma tendência a enxergar os problemas por uma visão “hipervalorizada”, o que pode dar uma falsa idéia de ser impossível solucioná-los.

Uma maneira mais saudável de lidar com essa questão é compreender a necessidade de enfrentar esse sentimento, valorizar as coisas positivas que a vida tem proporcionado, além de tomar atitudes simples, como pequenas mudanças de comportamento que podem melhorar a situação, tais como evitar ficar isolado ou afastar-se dos amigos, realizar atividades físicas e desenvolver algum “hobby” ou distração que traga momentos agradáveis, além de manter um padrão adequado de sono e alimentação. Um ponto fundamental é que ninguém necessita “fingir alegria” e “fazer coisas das quais não gosta” somente para agradar aos demais. O importante realmente é estar perto de pessoas queridas, com as quais existam vínculos verdadeiros e que propiciem um ambiente tranquilo.

Término de ano é um momento de profunda reflexão e de tomada de decisões para um novo ano que inicia. Porém, é importante manter o controle sobre as promessas e objetivos para o futuro, pois muitos deles são feitos no calor da emoção e euforia da ocasião. Temos que ter muito cuidado com planos de mudanças radicais da vida, objetivos grandiosos e, muitas vezes, impossíveis de realizar: essa postura pode gerar pensamentos extremamente negativos de fracasso e sentimentos de tristeza e frustração com a própria incapacidade ao nos depararmos com a impossibilidade de serem alcançados.

É mais adequado e saudável traçar objetivos bem realistas para 2011 e fazer promessas que possam ser verdadeiramente cumpridas, planejando as etapas de como chegar à meta pretendida. É melhor ponderar que alguns objetivos necessitam bastante esforço e somente serão alcançados a médio ou longo prazo, além de valorizar cada pequena conquista e buscar aprender com possíveis falhas nesse planejamento.