terça-feira, 28 de setembro de 2010

A química das emoções

Que as emoções estão ligadas ao sistema nervoso e são desencadeadas por reações químicas, já não é novidade. A neurociência vem nos brindando com inúmeras descobertas e muitas publicações já foram feitas e continuam surgindo. Entre elas, destaco o livro "A Natureza do Amor", de Donatella Marazziti, editora Atheneu, que gostei muito de ter lido alguns anos atrás, quando foi publicado. Esse assunto continua (e sempre) despertando o interesse da ciência, pois possibilita a compreensão dos mecanismos que ocorrem no organismo que desencadeiam nossas emoções e os consequentes comportamentos. Hoje, acabei de ler na Revista Veja de 29 de setembro de 2010 uma reportagem muito boa sobre a química das emoções e a importância da dopamina, que é um neurotransmissor reconhecido como responsável pelo controle do sistema de recompensa cerebral. Vale a pena ler!!!

domingo, 26 de setembro de 2010

Pesquisas sobre conexões biológicas dos transtornos: aliadas ou não dos processos psicoterápicos?

Temos conhecimento que a ciência vem buscando de forma incansável desvendar os mistérios dos circuitos cerebrais que envolvem os transtornos psicológicos (desde as investigações mais simples feitas no passado até as pesquisas de ponta feitas no momento atual). Muitas descobertas importantes já ocorreram, as quais foram incorporadas aos conhecimentos científicos,  sendo hoje inegável a idéia de que existem mecanismos mentais  que, quando sofrem desequilíbrio, desencadeiam reações emocionais e comportamentais patológicas. O sistema nervoso central é reconhecidamente a base para a nossa capacidade de percepção, adaptação e interação com o mundo ao nosso redor, da mesma forma que os neurotransmissores são reconhecidos como substâncias químicas responsáveis pelo nosso comportamento, desde os movimentos musculares, ao humor e saúde mental.



Me despertou interesse quando li na ScienceDaily (Apr. 19, 2010), sobre  um estudo de pesquisadores da University of Western Ontario (Canadá) que foi publicado na Nature Neuroscience identificando a conexão biológica entre ansiedade, depressão e estresse. Em experiências com camundongos, rastrearam essa conexão e testaram um inibidor da depressão. O mecanismo envolveu a interação entre o receptor do fator de liberação de corticotropina 1 (que deflagra a ansiedade em resposta ao estresse) e tipos específicos de receptores do neurotransmissor serotonina (que induzem ao estado depressivo). O fator inibidor desenvolvido pelos pesquisadores atenuou comportamentos de ansiedade e de depressão. A próxima etapa do estudo terá o objetivo de verificar se a substância pode resultar em um novo agente farmacológico.

Tais investigações da ciência são extremamente importantes e certamente irão auxiliar na compreensão e tratamento psicofarmacológico dos transtornos, com o objetivo de diminuir o sofrimento dos indivíduos portadores de doenças mentais. É essencial reconhecer e valorizar os avanços da pesquisa científica, utilizando tais conhecimentos em prol do desenvolvimento da psicologia enquanto ciência.

Porém, temos que ter a clareza de que os psicofármacos auxiliam no tratamento, mas não desvalorizam, nem substituem a intervenção psicoterápica, apesar de sua importância na remissão dos sintomas. Os indivíduos com transtornos depressivos e de ansiedade apresentam uma produção constante de cognições negativas, as quais levam a emoções e comportamentos disfuncionais, reforçadores e mantenedores de seus problemas. E esse padrão cognitivo está relacionado às experiências vivenciadas  ao longo  da vida, originando as crenças nucleares negativas/disfuncionais do indivíduo a respeito de si próprio, do mundo e dos  outros, bem como de seu futuro.

Gostaria de destacar aqui que os processos psicoterápicos, em especial a psicoterapia cognitivo-comportamental, tem um importante papel no processo de reestruturação cognitiva dos transtornos mentais: auxiliar o indivíduo a identificar e alterar crenças ou pensamentos inadequados, levando a mudanças emocionais e comportamentais e, consequentemente, a um conceito de auto-eficácia e uma vida mais satisfatória.
Referência: University of Western Ontario (2010, April 19). Biological link between stress, anxiety and depression identified. ScienceDaily.